quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Hoje eu sou nada e não há nada que me faça ser alguma coisa. Talvez um cobertor para eu me esconder, uns óculos escuros, para eu sentir que estou um pouco escondida. Nem isso. Eu não sou hoje, e se esse dia for mais tarde questionado, será uma grande incógnita que ninguém tentará resolver. E pouco importa. Não há eu por hoje, e eu espero que eu sobreviva a essa enorme inexistência de mim.

Um dia

É só um dia a menos em uma vida que dura só o tempo de uma vida. E que diferença pode fazer um só dia? É só um dia. É só um arranhão, é só uma chuva, é só uma morte. Essa morte que pode vir amanhã, mas é só um dia!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ontem eu demorei pra dormir.

Ontem eu demorei para dormir, porque eu pensei em Deus. Pensei em comida, no reveillon e eu pensei também no abismo e na morte. Pensei na solidão, mas eu pensei em nós dois, pensei nele também, eu pensei em religião. Eu pensei em notícias, em frases, em suco de limão. Cheguei a pensar no meu sonho antigo e a falta que ele me faz. Fiquei pensando em ir embora, como eu sempre penso, depois eu pensei em motivos para ficar. Pensei em mais um pouco de abismo, no meu cachorro, em línguas que eu queria aprender e em café. Eu nem posso tomar café, mas eu bebo mesmo assim. Pensei em fotos que eu tirei, e em fotos bonitas para tirar. Pensei na praia, no meu irmão. Pensei em armários maiores, em roupas e naquela loja que você gosta. Eu pensei nos seus traços e eu ia começar a pensar na chuva, mas eu caí no sono e passei a sonhar. Os meus sonhos eu nunca lembro.

There was a prince...

He had everything, so nothing was ever good enough for his nothingness inside.

Do lado de dentro.

A chuva vai passar. O tempo, a vida, os homens, a dor e a fome.
A vontade de qualquer coisa vai passar. Todo mundo que vier, todo mundo que me fizer chorar, ou não fizer nada. Não adianta dizer que não. O infinito vai passar, eu prometo. É assim, e não há deus que negue.
O que não passa (e contra isso não há remédio) é a solidão. O peito, ele é solitário; pode enchê-lo de mesquinharias, de segredos, de saudades, de pessoas, ele é só ele.
E quando tudo der errado, e se tudo der certo e se nada acontecer além das coisas, o peito é sozinho lá dentro.
E isso não vai passar.