quinta-feira, 29 de abril de 2010


Tudo que você diz guarda uma despedida triste. Mas só eu posso ouvir o adeus de cada palavra sua. Você tem um jeito manso de dizer que o mundo está desmoronando. E eu, secretamente, às vezes desejo que ele desmorone logo. Que tudo recomece com outro começo. E você sabe o que eu queria que mudasse, mas você, secretamente, não sabe se também queria recomeçar. A gente sorri para toda essa areia caindo na ampulheta, porque somos tão tolos... Mal sabemos que o mundo está prestes a rachar ao meio, e que cada um de nós vai ficar de um lado.
Quando escrevo nenhum milagre acontece. Minhas palavras não curam ninguém. Nem mesmo as minhas próprias dores. Não morro. Não mato. Não curo. Não firo. Irônico e trágico.
Faltam peças neste quebra-cabeça. E quando escrevo, procuro por algumas destas peças. Aquelas que formam parte de mim. A parte que eu perco lentamente a cada badalar do sino ao lado esquerdo do meu peito.

-tive uma ajudinha com esse, o original tinha 'pouca metáfora' :D
Obrigada, Leandro.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pelos seus olhos eu sou uma pessoa inconsequente, que não sabe o quer da vida e tem medo de tentar. Por eles eu sou mais esperta do que inteligente. Pelos seus olhos sou eu quem não soube tentar e vive agora do presente. Pelos seus olhos eu sou fria e não sei demonstrar os meus sentimentos. Pelos seus olhos eu não sei estabelecer limites ou mensurar os limites alheios.
Pelos seus olhos eu sou muita coisa que eu nem imaginava que poderia ser. Muita coisa que eu não sou. Pelos seus olhos...que nunca souberam me olhar. E os meus olhos às vezes insistem em se guiar pelos seus.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Quem aqui já assistiu o filme Rockstar? Dói dizer isso, mas percebi hoje que a história vivida por Jennifer Aniston tem enorme relação comigo. Sem mais.

Não gosto de casa vazia.

Não vá embora dessa vez. Fique para tomar mais um ou dois goles, mais um copo. Fique porque o filme ainda não acabou, fique. Vamos, fique para me contar mais alguma bobagem qualquer que nem me importa. Fique porque eu não gosto de casa vazia. Eu não gosto de abrir a porta para niguém sair a essa hora da noite. Vamos, fique aqui. Você nem precisa ir embora, você nem tem mentira nenhuma para contar amanhã, é melhor ficar. Não vá embora dessa vez, eu não aguentaria.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Café com leite

É preciso amar, sabe? Ter-se uma mulher a quem se chegue, como o barco fatigado à sua enseada de retorno. O corpo lasso e confortável, de noite, pede um cais. A mulher a quem se chega, exausto e, com a força do cansaço, dá-se o espiritualismo amor do corpo.
Como deve ser triste a vida dos homens que tem mulheres de tarde, em apartamentos de chaves emprestadas, nos lençóis dos outros! Quem assim procede (o tom é bíblico e verdadeiro) divide a mulher com o que empresta as chaves.
Para os chamados "grandes homens" a mulher é sempre uma aventura. De tarde, sempre. Aquela mulher que chega se desculpando; e se despe, desculpando-se; e se crispa, ao ser tocada e serra os olhos, com toda força, com todo desgosto, enquanto dura o compromisso. É melhor ser-se um "pequeno homem".
Amor não tem nada a ver com essas coisas. Amor não é de tarde, a não ser em alguns dias santos. Só é legítimo quando, depois, se pega no sono. E a um complemento venturoso, do qual alguns se descuidam. O café com leite, de manhã. O lento café com leite dos amantes, com a satisfação do prazer cumprido.
No mais, tudo é menor. O socialismo, a astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga, todo asceticismo da ioga... tudo é menor... O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina. Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira.

Crônica de Antônio Maria.

I cannot say it.



But my heart does not know what happened.
So he sends me these beautiful thoughts,
he tells me to remember you at all times,
he tells me to think of you at the beach,
at the mardi gras, during the solitude of the nights.
And it is not my fault, because he does not know what happened.
I try to tell him, but he does not listen.
Perhaps you should tell him. I can not.


Você é tão secreto e tão misterioso que toda vez que os seus olhos sorriem, eu imagino se eles estarão sorrindo para mim... Mas eu não sei.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

Quem me dera...


... que na minha vida o querer e o dever andassem sempre de mãos dadas...
Era tão mais simples!

Adeus, fim de post! ;*

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Então tudo tem duas visões: a de quem esta dentro - que geralmente é uma visão mais insana, mais egoísta. E a visão de quem esta fora - geralmente mas sensata, mais ampla. Ou não. Tem visões de quem esta fora que são, tão ou mais, insanas do que as suas próprias.
Isso deve ter a ver com pessoas. Pessoas sensatas e pessoas insanas. Maduras e imaturas. As que respiram e pensam e as que agem num impulso momentâneo e fazem.
E eu não preciso dizer em qual grupo estou. Depois de uma avaliação de alguém mais sensato você melhora, eu ousaria dizer que você se torna até um pouco positiva. Um pouco. Mas também, me pego pensando até que ponto isso não seria conformismo ou ilusão.
A gente apela pra búzios, pra cartas de tarô e acredita naquilo, e faz toda força do mundo para acreditar naquilo. Ai entra a fé. Até que ponto você tem fé? Onde esta o limite entre sua fé, seu ceticismo e a realidade? A gente simplesmente crê e não vacila. Ou vacila, mas continua crendo.
Mas é essa fé, daquelas bem fortes que faz a gente acreditar no novo, que faz a gente apostar que de uma forma ou de outra as coisas serão como queremos. Sim, nossa fé também é egoísta. O novo bom, o novo certo, claro que é do jeito que a gente quer. E a gente acredita e continua. Com fé. Porque tem coisa mais destrutiva do que insistir sem fé alguma? E não falo em fé ligando diretamente a uma religião, você pode ter fé que o monstro verde que mora no interior da terra irá comer todos os teus problemas. O monstro é seu e a fé muito mais!
Me esforço todos os dias para ter paciência. Para tentar entender que o meu tempo não é o tempo do mundo. Há pessoas mais lentas. Nem todas têm essa ânsia e essa ansiedade. Nem todas têm esse desespero contido de que se não for agora não será em tempo algum. E a gente exercita a paciência. Li agora uma crônica que fala sobre fazer falta. O “sinto sua falta” de acordo com o autor, é um dos mais lindos elogios que alguém pode te dizer. Quer coisa mais linda do que fazer falta? Eu não sei se faço falta a alguém. Mas sei que digo aos que me fazem falta o quanto essa falta dói. E isso por mais humilhante que possa parecer (e acreditem, algumas vezes realmente é!) também tem que valer de algo. Ai me lembro dessa coisa de fazer falta. Da vontade que dá de ir embora. De chorar e de ir embora simplesmente, para que te acolham, para que sintam faltam. No fundo para saber se sua ausência se tornará uma falta ou apenas um espaço em branco. A gente não sabe, não da pra sumir apenas pra tentar fazer falta. A gente vai seguindo em frente, continuando, com fé, com dor. Esperando que algum dia, alguém nesse ciclo louco que é a vida, pare e pense no quanto você faz falta. No quanto algum momento com você foi tão forte que fez essa pessoa parar e escrever: “penso em você, sinto sua falta”.

Só para que fique claro, é apenas um texto, não tem, necessariamente a ver comigo :)